Heitor

Tenho 31 anos, sou mãe de um menino de 5 anos vindo de um parto normal na rede privada. Engravidei de mais um menino, tenho convênio com quarto privativo e uma gama de médicos e hospitais bons, meu parto vai ser respeitado, meu desejo de parto normal será respeitado, não sofrerei violência obstétrica e nosso filho será bem recebido também, certo? Errado!

 

 Assim que engravidei senti um medo absurdo do parto, tudo que passei na gestação anterior veio a tona, o que era consciente e o que não era também, tive medo a dor da solidão, do pós parto e olha que na época eu sai super satisfeita do hospital, foi tranquilo tive um bom atendimento e consegui meu parto normal em um hospital com 98% de cesáreas, minhas amigas que tiveram neném pelo SUS haviam sofrido muito mais então decidi que queria uma cesárea, mesmo sendo a favor do parto normal e sabendo que seria melhor, mas a dor me assustou e passei a ver o parto como um evento sofrido, feio e assustador.

Estava eu querendo me recolocar no mercado de trabalho, não me lembro bem onde algo sobre doulas e parto humanizado, achei interessante fazer um curso para ser doula pois na minha cabeça eu conseguiria atuar com o que gostava e conciliar com a nova vida de mãe de dois.Fui fazer um curso de formação de Doulas e foi lá que tudo mudou.

 

Conheci mulheres maravilhosas, fortes que haviam parido não um ou 2 mas 3 4 filho de parto normal humanizado, tive acesso a informações preciosas e vídeos de partos, foram dias de imersão total e tratamento de feridas, as fichas foram caindo e percebi que meu primeiro parto não havia sido tão tranquilo assim, poderia ter sido melhor e que muitos procedimentos realizados e tido como de rotina eram sim violência contra mim e contra meu indefeso filhinho, senti muita raiva e indignação uma sensação de que eu havia sido enganada e que meu filhinho  havia sofrido coisas que não precisava, então já no meio do curso decidi que queria um parto normal e humanizado, natural como deveria ser. Assim começa a saga por equipe, médico, onde ter nosso bebe a angustia era presente pois eu não conseguia achar saída, pagávamos um convenio caro com regalias mas o nascimento do nosso filho deveria ser como eles queriam e muito provavelmente uma cesárea sem necessidade.

Entrei em grupos do facebook, completamente crua e cheia de medos comecei a perguntar tudo e troquei de médico, mas qual médico seria melhor que atendesse o convênio então encontramos um indicado por uma colega do grupo de gestante ele dizia que respeitaria o parto dela e que ela ganharia sua bebe como desejasse, inclusive aceitava a Doula na sala de parto. Nossa, ficamos felizes enfim encontramos alguém que pudesse nos atender pelo convenio e nos acompanharia no momento do parto a um preço interessante, marcamos a consulta e fomos com 20 semanas de gestação, deixei claro já na primeira consulta que era contra cesárea desnecessária e que estava me informando, foi tranquilo ele falou q tudo bem e assim foi. Eu nunca me senti confortável com ele, nunca confiaria nele se me encaminhasse para uma cesárea ainda que ele jurasse ser necessária e importante, eu o via como “LOBO NA PELE DE CORDEIRO”, nunca se aprofundava na questão parto e sempre q podia dizia que tudo deveria correr bem SE NÃO eu não conseguiria meu tão sonhado parto normal (como se PN fosse algo tão surreal assim), não fechamos o parto com ele, não tínhamos dinheiro o convenio consumia nossa sobra do mês, estava aflita encontrando formas de burlar o sistema e a família para ter nosso filho com dignidade. Era como se o mundo real caísse sobre a minha cabeça e o mundo de mentirinha quisesse abafar toda a realidade.

 

Eu já havia me tornado militante não tinha outra forma do nosso filho nascer eu não aceitava e juro eu preferia que ele nascesse na porta do hospital a passar por todos aqueles procedimentos desnecessários.

Então passei a pensar e me preparar para o grande dia, as possibilidades que eu tinha seria ir para um hospital privado com plantonista no último minuto e pagar pra ver, ir para uma casa de parto em São Paulo ou ir para o hospital público, eu estava determinada e nada me satisfazia por completo só a casa de parto, mas a missão seria convencer o marido, pois teria q ir toda semana para o pré natal e no dia do parto teria que contar com o transito, como eu já imaginava a casa de parto estava fora de cogitação para ele.

O clima já estava bem tenso em casa ele não entendia o por que eu queria ter nosso filho como uma pessoa “normal”, pagamos um convênio bom eu estava inventando moda, chegamos ao ponto de passar meses sem falar no assunto parto e quando tentávamos falar era briga na certa, até que um dia ele perguntou se eu queria ter nosso filho em casa se esse fosse meu desejo tudo bem, que era para eu procurar quem fazia e combinar, mas que ele não poderia garantir que estaria comigo pois ficaria muito nervoso. Bom, eu acabei por ficar feliz e fui procurar as enfermeiras obstétricas, lá elas perceberam o clima tenso e disseram que somente fariam se os dois estivesse de acordo, ele aceitou meio a contra gosto.

 

Eu comecei a correr atrás de dinheiro para pagar a equipe, fiz vaquinhas, vendi coisas pessoais e pedi dinheiro emprestado para o meu pai além de combinar o valor com a equipe.

Com 37 semanas fiz um ultra som e que acusou um bebe grande com 4,700kg eu já sabia que o quando o médico visse o exame faria uma pressão para induzir o parto ou fazer uma cesárea, mas eu estava ciente que bebê grande não era indicação expressa de cesárea, enfim quando chegamos na consulta ele bateu os olhos no exame e levou um susto, ai começou o terror, disse que eu deveria ser internada naquele instante e que deveríamos tirar o bebê pois ele corria o risco de morte, eu levei na brincadeira juro que não acreditei na hora, ele pegou o exame levou para esposa dele que também era obstetra, saiu falando alto pelo consultório que eu não poderia ter esse filho de parto normal, contou uma história de um bebe que ele ajudou a nascer e que teve distócia de ombro e que nunca mais mexeu o braço, que nosso bebê nasceria com hipoglicemia e iria direto para a UTI, quando eu vi que a coisa era séria eu disse que NÃO, não iria entrar na faca com 37 semanas que eu iria esperar ao menos entrar em trabalho de parto, ele disse que eu era irresponsável e pediu para o meu marido chamar a polícia para mim caso eu insistisse em ter um parto normal, eu persisti e disse q naquele dia eu não iria para o hospital ele falou que era para eu pensar e ligar no dia seguinte para ele.

Fomos embora e já na porta do consultório começamos a brigar, eu disse que buscaria outra opinião e comecei a ligar e mandar mensagem para todo mundo, eu estava desesperada e meu marido ainda mais, pior ele estava com raiva de mim por que eu insistia no PN mesmo arriscando  a vida do filho dele.

 

A opinião da família se dividiu e eu me mantinha firme, mas confesso muito abalada com tudo, não acreditava no que estava acontecendo, cheguei falei com minha doula e uma amiga que me deu o telefone de uma das únicas médicas humanizadas de Campinas, liguei para ela que me tranquilizou e pediu para que fossemos em uma consulta no dia seguinte, quando chegamos lá meu marido ainda se mantinha arredio e muito nervoso ela esclareceu tudo, todos os risco e mitos e nos encaminhou para outro ultra som, mas deixou claro que somente nos acompanharia se nós dois estivéssemos em acordo.

Fizemos o ultra som e pasmem o bebe estava com 3,700kg segundo o exame, ele ficou mais calmo, voltamos lá ainda sem nos falar, mas mais tranquilos, combinamos o valor a pagar, ela nos facilitou bastante e foi extremamente gentil, muitas amigas ligadas a humanização do parto e nascimento deram seus ombros e palavras de apoio além de me ajudarem financeiramente, eu juro que nunca pensei que seria tão apoiada e que teria tantas pessoas ao meu lado.

 

Completei 40 semanas e fomos na consulta com a médica, ela perguntou se eu queria fazer o descolamento de membrana para induzir pq ela tava achando q pelo meu quadro clinico eu teria desenvolvido uma Diabetes Gestacional (eu não fiz a curva glicêmica pois tinha medo de ser um prato cheio para me enviar para cesárea) ela disse que a conduta para gestante com DG e gestação a partir de 40 semanas deveria ser monitorar e acompanhar o bem estar e desenvolvimento do bebe e já passou alguns exames para fazer na semana seguinte caso não entrasse em TP, topei mas não aguentei a dor naquele dia e desistimos vim para casa comecei a caminhar mais para ver se acontecia naturalmente, a minha relação com o marido estava melhor e conseguimos conversar se queríamos mesmo induzir ou aguardar que tudo acontecesse naturalmente, decidimos conversar mais um pouco com ela antes de decidir,  voltamos lá na sexta ela perguntou se eu queria tentar novamente eu topei estava preocupada e muito cansada da batalha, então ela fez o descolamento (dói pra caramba), voltei pra casa meio desiludida com umas cólicas q ela disse q eu teria mesmo e teria sangramento não achava q aconteceria nada na verdade, de qualquer forma liguei pra doula e deixei ela a par do que estava acontecendo.

 

Por volta das 11:00hs, ela me deu umas dicas de pontos de acupuntura para pressionar e pediu pra eu descansar pq as vezes a coisa toda rola no mesmo dia e as vezes não, desliguei o telefone e fiz tudo que ela falou até que dormi a tarde toda.

Quando levantei sentia cólicas que iam e vinham achei estranho, mas como ela falou q ia acontecer mesmo umas cólicas segurei aqui em casa mesmo, fazendo os exercícios de respiração, tomei um banho quente e comecei a sangrar, também não assustei pq ela me falou que iria acontecer isso estava preparada porém ainda não acreditava que tudo aconteceria na sexta feira mesmo, liguei para o marido e o tranquilizei dizendo q eu estava só com uma dorzinha, mas que estava tudo bem, por via das dúvidas pedi pra ele trazer uma comidinha pq eu não estava com pique pra cozinhar e lavar louça, pedi uns pãezinhos pra fazer um lanchinho mas já falei para ele comer algo pois poderia precisar dele, fui lavar a louça e dor ia aumentando aos poucos, mas dava pra continuar, dei uma arrumada na casa e esperei ele chegar, nesse meio tempo eu fiquei cronometrando as contrações que ficam de 5 em 5 as vezes 7 em 7 então relaxei e desisti fui fazer a carta de boas vindas ao Heitor. A cada palavra uma emoção e a cada frase que eu escrevia uma parada para aguentar aquela dorzinha enjoada e suportável.

 

Às 20:30hs ele chegou com uns pães e fomos cronometrar juntos, ele estava ansioso e se mostrava parceiro, eu tinha medo dele querer me levar cedo para o hospital já que Dr pediu para ir qdo estivesse de 4 em 4 então eu dava uma tapeada pq vinha uma mais forte e uma mais fraca e eu pulava para ficar irregular, eu sabia que podia aguentar mais que iria aumentar se fosse realmente o TP, mas teve uma hora que a dor aumentou e eu tive que abaixar na porta da cozinha achei melhor ligar para doula, médica e fotógrafa que iria registrar, ligamos primeiro para doula mais ou menos umas 21:00hs que nos orientou e falou que naquele momento não poderia ir mas mandaria sua substituta no lugar depois ela iria.

Eu não via a hora dela chegar pq estava aumentando a dor e o marido ficando preocupado, falamos com a obstetra que  pediu pra eu entrar no chuveiro e quando falei com ela no intervalo de uma contração com voz boa e ar de riso ela não acreditou falou assim – Ah, vc ta com a voz muito boa pra estar em TP…rs eu falei que achava que estava mais no começo mas q as dores estavam aumentando, ela pediu pra fazerem um toque pra ver como estava a dilatação enquanto eu ficava no chuveiro por 1 hora.

 

Entrei no chuveiro e as dores aumentavam o espaço de tempo entre elas estava diminuindo além do sangramento estar mais volumoso achamos melhor sair e a essa altura o Marido já estava assustado com tanto sangue querendo me levar para o hospital, e eu falava baixinho com Deus que eu não queria ir cedo, pedindo para as Doulas chegarem.

Enfim a doula chegou eu já estava em cima do sofá apoiada de frente que aliás foi a melhor posição que encontrei, já tinha ensinado o marido a fazer a massagem na lombar e era uma delícia quando ele fazia, vocalizava a cada contração e realmente ajuda bastante, tentando manter a respiração que aprendemos, relaxando a boca, queixo e bochechas. A doula chegou e foi organizando tudo e nos tranquilizando explicando sobre o sangramento e eu desconfio que ela fez um Reiki pois eu me senti muito melhor quando sua mão encostou na minha lombar…rs …Colocou uma musiquinha e manteve a luz baixa, cheguei a dançar, nós riamos e contávamos piada….rs… tentei agachar a cada contração, mas era muito ruim pra mim eu queria ficar de frente mesmo, de quatro mas não queria agachar, esse ritmo deixou o marido mais calmo e com certeza a presença da doula fez muita diferença pra nós.

Ela me mandou para o chuveiro e controlávamos as contrações, já não sei mais que horas eram quando fui para o chuveiro, ai as dores aumentaram eu queria sair nos 45 min do 2º tempo e ela segurou pediu pra eu ficar mais uns 15 minutos e eu topei sem ter noção de como estava minha evolução, lá fizemos um rebozo com lençol e quando a dor vinha eu me apoiava nele, a outra doula chegou eu ainda estava lá a voz dela me tranquilizou ainda mais, ela encostou perto de mim no boxe do banheiro e começou a cantarolar algo, como quem canta para um filho que sente dor, senti um amor tão maternal e aguentei mais um pouco, mas no final lá estava eu sem rebozo e de quatro no boxe senti que algo aconteceu e minha consciência tinha baixado um pouco, tinha perdido um pouco do pudor, não sentia vergonha de vocalizar ou de ficar nua tudo estava ocorrendo como tinha de ser.

 

O marido saiu um pouco e imagino eu que ele saiu para entender o que acontecia, ele estava calmo tinha tocado violão arrumado as coisas e seguindo as orientações das Doulas, ele estava lindo.

Quando pedi para sair do chuveiro outra vez as meninas acharam que já estava na hora e eu acho que fiquei muito mais de uma hora lá, perdi a noção do tempo, cheguei no meu quarto e uma contração forte veio e eu dei um grito diferente, já estava meio bêbada não sei explicar, mas posso dizer que eu já havia entrado na partolândia eu sentia isso mas ainda tinha consciência, notei que uma das doulas pedia pra achar a roupa q eu iria eu já tinha deixado em cima da cama, então coloquei e ai uma certa correria aconteceu todo mundo organizando a saída para o hospital, eu só queria entrar lá chegar e ver nosso bebê.

 

Chegamos no hospital a obstetra já estava esperando na porta, subimos e para minha surpresa dilatação total! Fiquei tão feliz, mas confesso que chegar no hospital tirou meu ritmo um pouquinho já estava mais desesperada, minha bolsa ainda estava integra, eu queria tanto sentir aquela aguinha escorrer nas minhas pernas…rsrs…mas achamos melhor romper, quando fomos para o CO na saída do quarto uma contração daquelas e eu fiquei de quatro outra vez…rs

Enfim chegamos no CO e sentar na banqueta não era confortável pra mim, eu tinha comigo que ele nasceria de quatro apoios não sei pq, mas acho q era pq tava me sentindo melhor, fizemos o procedimento e a coisa pegou um pouco mais.

Me desesperei e pedi anestesia, já tinha combinado com todos do que se eu pedisse, implorasse que não era para me atender e eles foram firmes, eu pedi, pedi, pedi, e eles seguraram firme até que desisti e chamei a fera que estava presa em mim, ela veio de mansinho, faltava um pouco ainda, a obstetra falou pra eu fazer o que tivesse vontade porém me sugeriu que eu agachasse, mais uma vez e eu resisti um pouco, mas depois deixei o bicho que tem dentro de mim tomar conta, a doula estava perto de mim a todo instante, me dando a mão e me ajudando no que eu quisesse fazer.

 

O corpo é muito sábio, minha consciência apagou dando claros indícios de que eu definitivamente estava na partolândia a dor já não era tão intensa e eu tomei as rédeas do meu parto naquele momento éramos eu e ele mais ninguém, me lembrei de toda a luta para conseguir parir, lembrei do meu primeiro parto e naquele momento percebi o que eu realmente não queria para nós, um filme passou na minha cabeça a força foi crescendo e a medida em que essa força crescia meus gritos tomavam forma, uma forma determinada de soldado que se posiciona e sai correndo para lutar, sem medo, decidida, foram instantes onde pude perceber o que me causava medo, um mergulho em mim.

Enfim ele coroou, senti claramente o circulo de fogo, coloquei a mão e lá estava ele chegando ao mundo e cheio de cabelos..rs..Fui para a banqueta o marido sentou atrás de mim, me apoiando eu queria algo para segurar e quando encontrei um apoio dei o derradeiro grito esse mais forte e determinado, senti nosso Heitor escorregar de dentro de mim, quente, macio e rápido e surpreendentemente com duas circulares de cordão no pescoço, foi a sensação mais incrível da minha vida. Ele veio para o meu colo a emoção era tanta que eu só queria ficar ali abraçada com ele falando o quanto eu o amava, o quanto ele era desejado e querido por todos, olhei para o meu marido que estava com os olhos cheios de lágrima, perdido em meio as novas emoções e vi o porque de ter vivido tudo que vivi e ter ultrapassado todas as barreiras.

Aguardamos alguns minutos até que o cordão parasse de pulsar, ele continuava em cima de mim, pari a placenta e tive uma pequena laceração que precisou somente de cinco pontos superficiais que não me incomodaram em nada durante a recuperação, quando o cordão parou de pulsar meu marido cortou o cordão e foi com a Neonatologista para pesar e fazer os procedimentos com o Heitor, procedimentos esses que autorizamos ou não, escolhemos não usar colírio, não aspirar, não banhar queríamos dar o primeiro banho dele e que aproveitasse tudo que vérnix poderia lhe oferecer queríamos que ele não saísse mais de perto de nós nenhum segundo se quer.

 

O Heitor nasceu pesando 4,5kg medindo 53,5cm e com duas circulares de cordão esfregando na cara da sociedade que bebes grandes nascem e que o cordão umbilical não é um assassino, ele nasceu gritando a plenos pulmões.

Nós não estávamos sozinhos em nenhum momento, nosso filho chegou sem nenhuma medicação em seu corpo, meu parto foi sim como sonhei, foi como deveria ser, meu marido entendeu o por que de toda minha luta eu digo que naquele dia nos casamos novamente.

 

Não posso deixar de agradecer a equipe que me acompanhou e minhas amigas que acreditaram e cada uma a sua maneira me ajudaram, minha gratidão será eterna.

Deixe um comentário