João

 

PARIR É UMA DELÍCIA!

 

Essa foi a conclusão que cheguei depois do parto do meu filho João.

 

Mas deixa eu começar pelo começo…

Tive uma gestação ótima. Curti todas as mudanças do meu corpo, as mudanças de humor, de paladar… gravidez é realmente algo mais natural/animal do que imaginamos. Nem toda mudança é agradável, por exemplo, os enjoos mas todas foram curtidas pois sempre pensava que meus hormônios e meu corpo estavam mudando para receber um novo ser, uma nova alma, o meu filho.

Curtir cada fase da gestação é realmente um estado de espírito porque, mesmo nas fases não desejadas (enjoos, manchas na pele, cansaço, falta de posição para dormir…), aproveitei cada semana e me permiti venerar o barrigão.

Meu primeiro trimestre foi marcado por dor nos seios e enjoos, principalmente matinais, que eu percebi que o fator desencadeador era acordar (rsrs).

 

O segundo é fase do glamour, os peitos não doíam mais e quase não tinha enjoos. Havia uma barriga que não deixava dúvida em ninguém, o João se mexia (o bebê já tinha nome), havia disposição e eu dormia a noite toda, sem contar que era possível namorar e houve menos episódios de irritação com o marido que, coitado, só era vitima de tantos hormônios que me consumiam.

Por volta de 28 semanas de gestação, trocamos de médico. Motivo: nas duas últimas consultas ele só falava sobre riscos e indicações de cesárea. Entendemos que a gravidez é natural. Seria possível tantos riscos? Eu não tinha nenhum problema de saúde, o bebê vinha se desenvolvendo bem, não havia indícios de problemas gravídicos, fetais ou qualquer coisa assim… em uma única consulta ouvimos sobre circular de cordão, laceração de períneo, distócia de ombro, que minha altura uterina estava muito grande, indicando um bebê grande (no ultrasson mostrava uma criança em percetil 25). Enfim, saímos de lá e concluímos: Cesarista! Cesárea tem hora marcada e parto normal não. O que será que ele preferia? (fica a dica: seu médico nunca desmarcou consulta por estar em um parto? Segue a agenda religiosamente? Ele não faz parto normal!). Trocamos de médico e continuamos curtindo a gestação como um evento natural.

 

No terceiro trimestre perdi “um pouco” do glamour. Os “puns” inesperados, a falta de posição para dormir, a dificuldade para se levantar (fica a dica: no final da gestação, nunca sente-se em sofás muito fofos). Bom, mas quem disse que seria diferente? Afinal, já havia uma criança formada aguardando seu momento para vir ao nosso mundo. Mesmo com toda “falta de glamour” nunca pensei em antecipar o nascimento do meu filho. A natureza é sábia e todas as mudanças expressam um porquê. O cansaço é como se o corpo pedisse: conserve-se, poupe energia, o bebê precisa de você e de suas energias para crescer!

 

Quando cheguei na 40a semana de gestação (22/07), comecei a ficar angustiada e muito ansiosa. Tudo melhorou no dia em que eu e meu marido combinamos que não poderíamos falar em nascimento ou no meu medo de chegar em 41 semanas (pois poderiam haver intervenções para que o nascimento ocorresse). Os dias foram longos até o dia em que perdi o tampão (segunda-feira, 25/07)… nossa, os dias se arrastavam, e o João bem tranquilo, nada de nascer. Mas tentando manter o combinado, dia 26/07 após sair de uma consulta, quis sair para “comer uma sobremesa bonita” –  nem precisava ser gostosa, mas bonita! Eram 15h30, onde encontrar isso?  Fomos dar uma voltinha no shopping e ficamos esperando ao outback abrir. Comi as comidas apimentadas (eu adoro e dizem que ajuda), dei-me ao direito de um chopp, ou melhor, meu marido me deu o direito de um chopp porque eu daria o direito a dois rsrs. E veio a sobremesa, nem lembro o sabor mas era linda e naquela tarde, inicio da noite não falamos sobre parto até chegarmos em casa às 20h. Ao chegarmos em casa, quis falar com uma tia muito querida que não falava há muito tempo e durante a ligação… opa! essa contração está diferente… desliguei!

 

Tudo começa: meu corpo estava diferente, as contrações eram diferentes… diferentes e difícil de explicar. Opa! Agora dói. Quando contraí dóem as costas, bem na lombar. Mas era uma contração e outra, bem espaçada, sem ritmo. Meu marido ao meu lado e nós tentando lembrar das coisas que discutíamos no grupo de gestantes (ah, durante toda gestação eu e meu marido participamos de grupo de gestante que, sem dúvida, foi o que nos fortaleceu em todas as decisões – inclusive trocar de médico – e fez a gente entender a gestação como “evento fisiológico e familiar”). Pedi para meu marido descansar já que eu não conseguia… “Dorme porque amanhã será um dia longo”. Às 3h o bicho pegou! Quando vinha uma contração, vinha a dor, tentava respirar, ficar tranquila, meditar… tudo e nada. A dor era danada, nesse momento pensei: se for isso, não vou aguentar. Detalhe: a contração vinha e eu ficava andando de um lado para o outro, além de cantar, respirar, meditar, sentar na bola, sair da bola… (rsrs). Às 5h acordei meu marido e liguei para minha doula. 5h30 ela estava em casa aí minha vida mudou. Aff, que alivio! Nova dica: quando tiver uma contração não se mexa, adote uma posição de conforto e fique! Foi a primeira coisa que a doula me falou ao chegar em casa. Ela literalmente tirava a dor com a mão, tanto ela como meu marido faziam massagens e isso ajudou muito. Direcionava-me para posições de alivio, chuveiro, bola… Fui começando a entender o que era melhor para meu corpo, o que me confortava. Tudo ficou mais fácil. Ficamos em casa toda manhã, saímos para andar, almocei (pouco, mas almocei: Nessa hora não podemos fazer hipoglicemia então é bom um lanchinho). As contrações já estavam rítmicas mas agora com intervalos menores, uma a cada 6 minutos (Não pensem que foi uma tormenta. Pensem: em uma hora são dez contrações). Fomos para o hospital, chegamos por volta das 15h. Cheguei com 8 cm de dilatação e empoderada do que queria: um parto sem intervenção. Ficamos no quarto por muito tempo, tomei banho, fiquei na banheira, tomei sorvete e nada do João… Entrei na tal da “partolândia” – é uma sensação de bem estar, leveza, tranquilidade… deve ocorrer uma descarga hormonal tão grande que o corpo entra em êxtase. Foi uma “viagem” maravilhosa!

 

Foi tudo muito gostoso principalmente por ter conhecimento do que estava acontecendo comigo, por ter meu marido sempre a meu lado, ter uma doula e, é claro, ter mantido a tranquilidade.

Por volta das 21h, a médica achou melhor irmos para o C.O. pois infelizmente meu colo do útero começou a edemaciar(inchar). Houve necessidade de intervir com anestesia para relaxar o útero. Não gostei de tomar anestesia porque a dor já não era nenhum problema para mim e com a anestesia deixei de sentir as contrações. Sinto como se eu tivesse driblado um time inteiro de futebol e na hora do gol… outro chutou! Mas foi uma intervenção necessária (não sou contra as intervenções mas elas devem ser usadas com sabedoria e não por conveniência). Continuei sentindo minhas pernas, o que me possibilitou sentar no banquinho para apoio e meu filho nasceu às 22h52 de cócoras. Que sensação maravilhosa! Curti todo trajeto de minha grande viagem de parir, fui a protagonista e ninguém roubou de mim o direito de parir!

 

Foi a emoção maior da minha vida. Eu lá, parindo meu filho junto com meu marido (que ficou ao meu lado todo tempo). Acredito que tudo foi possível graças ao apoio e presença dele. João nasceu bem e tranquilo, como foi toda gestação, assim que saiu de dentro de mim foi colocado no meu colo e seu pai, que estava atrás de mim, nos abraçou no abraço mais gostoso que podia existir. O João abriu um dos olhos e bocejou… Aguardamos o cordão parar de pulsar e o pai cortou. O João ficou conosco o tempo todo, não foi aspirado, nada de colírio de prata, nem colocado em berço aquecido. Afinal, nada melhor que o seio da mãe e os braços do pai.

 

Com tudo isso, concluo: PARIR É UMA DELÍCIA!!!

 

Meu filho foi recebido nesse mundo com muito amor, carinho e respeito. Aguardamos o seu momento e ele veio… “Meu filho amado, querido e desejado, seja bem vindo a esse mundo e tenha uma vida plena e feliz!”

 

Luciane

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