Olga

 

Eu tive a Olga em um hospital público. Dei entrada no hospital dia 07/11/10 já era noite, eu estava tendo contrações mas sem dor, o tampão já tinha saído e Olga se mexia normalmente.

Ao chegar na sala de consulta já me ordenaram tirar a roupa e deitar, confesso que isto me deixou estressada logo de cara, pôxa eu estava num estágio tal que ficar deitada era a pior posição, o peso da barriga forçava a lombar e a pélvis de um jeito que eu precisava dar uma “mexida” no corpo várias vezes, e fazer isto naquela maca minúscula onde a sensação de cair era eminente foi horrível.

 

A estudante que me atendeu primeiro apesar de insegura tinha boa vontade e paciência mas precisou chamar o residente, um homem grosso que só faltou expulsar a moça e meu marido da sala, disse que gente demais só atrapalha!! heinn

 

Bom depois deste episódio fui fazer a cardiotocografia e depois veio a autorização para me internar, eu estava com 2cm de dilatação mas tinha muita contração com duração de mais de 1min.

Na sala pré parto achei que teria um pouco mais de paz, ledo engano.

 

No dia seguinte a quantidade de gente que entrava e saia a todo momento querendo me “examinar” (e a outra gestante que estava no mesmo quarto também)… vou te contar….. deu vontade de colocar um cartaz entre as pernas informando: sentido proibido. Me sentia quase “estuprada” cada vez que vinham fazer toque em mim, era um fazendo e 10 olhando, meu sentimento de humilhação era tanto e tão visível que meu marido se sentia mal e saia do quarto. Queria aproveitar para descansar um pouco entre uma contração e outra mas não conseguia, só tinha sossego quando ia pro chuveiro na bola de pilates. Daí resolveram que tinha que fazer outro cardiotoco, só que eu não ficava nada confortável na posição em que o aparelho precisava que eu ficasse para captar os batimentos a Olga. Os 30 minutos mais cansativos daquele dia, mal sabia eu que ainda faria mais 2 exames deste….. me senti torturada.

 

Daí vieram colocar acesso em mim, não entendi pra quê, eu não ia tomar ocitocina nem anestesia nem nada, pra quê??? Procedimento, foi o que escutei… legal eu com as contrações pegando e agulha no braço de graça…. maravilha!!

Mas eu não sabia muito sobre a violência obstétrica. Eu achei que era normal aquele monte de toques, deslocamento de membrana, ficar de jejum…. tudo era certo, era normal (mas não fiquei 100% de jejum não tá?!, quando minha minha mãe foi revesar com meu marido a tarde, perto das 15hs, me levou suco e fruta na bolsa kkk mas também foi só Indeciso).

 

Sem comer, sem beber, sem dormir, cutucada a cada hora e com uma agulha no braço… até que enfim com 10cm de dilatação fui pra sala de parto, achei: agora vai ser perfeito, não tem nada mais pra me incomodarem, santa ingenuidade.

 

A médica me esterilizou sem perguntar nada, enfiou aquele troço gelado em mim tirando de minha filha o direito de receber meus anticorpos ao passar pelo canal do parto, recebi toque retal (no nada sem aviso nem explicação, pra quê serve isto??) que doeu e levei quase 10 dias para conseguir ir ao banheiro sem incômodo ao evacuar. Depois me colocaram no soro (lembra do acesso no meu braço desde a sala de pré parto?!) com ocitocina sintética e sulfato ferroso, ninguém perguntou nada foi imposto, mas eu não queria… queria segurar minha filha, mas como com aquela agulha no braço????

 

Meu marido acompanhou o parto e ficou até irmos pra sala de recuperação. Lá ele não pôde entrar pois tinham outras mulheres, mas porque eu tive que ir pra lá??? não fui cortada em lugar nenhum!! Novamente escutei: procedimento.

Depois não deixaram mais ele ficar, não respeitaram a lei do acompanhante, estávamos tão cansados que não tínhamos condições de “brigar”, daí já passava das 21hs.

 

O pai da minha filha além de não pode ficar conosco só pôde nos ver nos horários de visita, mas pai não é visita!

Nós precisávamos dele, queria que ele também ficasse com a Olga nos primeiros momentos dela fora da minha barriga, até para eu poder descansar um pouco depois de 22,5hs de TP. Mas não, nossos primeiros momentos como família, que eram para ser mágicos e cheios de descobertas, foram roubados.

 

Nunca me senti tão só como naquela noite, num quarto de hospital com a minha filha recém nascida e mais 7 mulheres totalmente desconhecidas. Meu próximo parto será em casa, ainda não engravidei novamente mas já estou planejando.

 

Ale

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